domingo, 27 de março de 2011

ROTEIRO DE UM ESPETÁCULO DA VIDA

INT - CASA - TARDE

As cortinas se abrem. Observamos a sala de uma casa antiga, provavelmente do início do século XX, com móveis da época. Em contraste, podemos observar da janela que o tempo avançou do lado de fora, com grandes edifícios, um avião passando e carros modernos e de luxo. Uma família está nessa sala: O pai, sentado na poltrona, no centro do palco e fumando um cachimbo, lê atentamente um jornal; A mãe, está costurando numa antiga máquina de costura. As filhas, uma loira e uma morena, lêem seus livros no sofá próximo à poltrona do pai. Essa cena gira em torno de dez segundos até que alguém bate a porta

PAI (sem tirar os olhos do jornal)
Atenda aporta, querida.

MÃE
Sim, amor.

Mãe levanta e abre a porta. Em cena, aparece um rapaz jovem, bonito e bem arrumado para a ocasião. Podemos observar claramente que suas vestes são muito mais a frente do tempo que as vestes da família que mora na casa. A irmão morena, ao ver o rapaz na porta, corre para os braços do amado. Os dois se beijam e ele vai em direção ao pai, decisivo, mas aflito.

RAPAZ
Oi, pai

O pai, pela primeira vez, tira os olhos do jornal e contempla o jovem ao seu lado

PAI
Olá, meu jovem! (muito feliz) O que o trás aqui?

RAPAZ
(muito aflito/ aflição estampada no rosto) Vim pedir sua filha em namoro. O senhor me permite namorar com ela?

Pai volta a atenção ao jornal

PAI
Claro que pode!

O Rapaz uma comemoração, dando um soco no ar e pulando

PAI
Desde que, claro, você me passe o número do seu RG, CPF, conta bancário, o quanto você recebe de salário, se você declara imposto de renda e se tem o nome limpo na praça... ah, e é claro: vou passar na delegacia mais próxima para descobrir se você tem antecedentes criminais.

A cortinas se fecham e podemos ver claramente a feição de comemoração do rapaz se transformar em desespero bem na nossa frente

quinta-feira, 24 de março de 2011

Poema Pílula

Deve ser bom para dor de cabeça

PROCON



Um momento senhor, sua ligação é muito importante para nós
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O que você estava falando mesmo, senhor?

MEDO



Eu tenho medo
Medo de barata
Medo de borboleta
Medo de aranha
Medo de rato
Medo de cobra
Medo de pássaros
Medo de voar
Medo de avião
Medo de altura
Medo de tropeçar
Medo de cair
Medo de não parar de cair
Medo de cair nas profundezas do meu eu
Medo de nunca mais levantar
Medo do silêncio
Medo de falar
Medo de falar a verdade
Medo de falar em público
Medo de recitar esse poema
Medo de ser rejeitado
Medo de ser adorado
Medo de ser idolatrado
Medo de ser amado
Medo de amar de mais
Medo de amar de menos
Medo de não saber amar
Medo de não saberde nada
Medo do nada
Medo de não
Medo de sim
Medo de sinceridade
Medo de sinceridade doer
Medo da dor ser intensa
Medo de intensidades
Medo de sentir, de gostar de tocar
Medo de TOC
Medo de exageros
Medo de odiar
Medo de ter raiva
Medo de ferir com a raiva
Medo de ser ferido com a raiva
Medo da raiva doer
Medo da dor ser maior que a esperada
Medo de ficar neurótico com tantos problemas
Medo de me afogar em meus problemas
Medo de me afogar
Medo das ondas
Medo do mar
Medo de caminhar sozinho na praia
Medo de andar sozinho na rua
Medo da assalto
Medo de arma
Medo de tiro
Medo de morrer
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NÃO
Eu não tenho medo de morrer
O que eu tenho é medo de viver

Carne à Venda


























Quando estou nas salas de aula, me sinto num açogue: há apenas uma carne à venda
O corpo, exposto, está lá
E a cabeça, que ninguém gosta, está longe
Aonde? No lixo? Claro que não!
Esta poder de ser alada, mesmo sem ter asas
Por ser inquieta, foge de seus demônios
Luta com gigantes (de verdade) ao lado de Dom Quixote
Faz uma ponta no novo clipe da Lady Gaga
Dança ao estilo Skylab
Escreve, vê, sente... vive!
E quando tenta retornar ao corpo, ele não está mais lá:
A carne já foi vendida

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O aprendiz de mago

Segue uma historinha bem bacana que digitei no google e foi o primeiro te apareceu.
Achei muito bacana, tem tudo a ver comigo e com a proposta do blog. Espero que gostem...

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Freud também é humano



Freud, pra variar, foi e sempre será uma figura polêmica no mundo da psicologia e da ciência moderna. Deus ou Demônio, Yin ou Yang, Batman ou Coringa... é difícil encaixar Freud no papel bom ou mau. O mesmo psicanalista que faz descoberta maravilhosas, também desvela os cantos mais obscuros e anciosos que a humanidade teme em encarar.

Pra mim, o problema não está aí...

O problema está no humano em Freud, que raramente é encontrado em suas obras e muitas vezes ignorado por nós, leitores de sua obra...

Certa vez, Jung, seu maior rival, afirmou que teorias são auto-confissões.
Há vários exemplos na biografia de vários psicólogos que ilustram isso. Comecemos pelo próprio Jung: Sempre ligado ao misticismo e tendo uma forte influência religiosa de seus pais, ele criou a Psicologia Analítica, que respeita a acestralidade e mostra o poder que os mitos influenciam nas nossas vidas. Reich, em outro exemplo, estudou amebas e adriu-se aos pensamentos Marxistas, criando uma psicologia que une corpo e sociedade.

Agora, partemos para Freud. Neste momento, estou lendo a biografia de Freud do autor Peter Gay, entitulado de FREUD - UMA VIDA PARA O NOSSO TEMPO. É nessa obra que pude perceber o quão humano é Freud. O psicanalista sempre foi muito rigoroso consigo mesmo para buscar o conhecimento, nem que para isso fosse necessário brigar com os amigos ou ter de se afastar de sua mulher. Ao memso tempo, Freud era muito amável, carinhoso e fiél à família que ele mesmo ajudou a criar, uma característica interessante de se observar e que não estão presenes em suas obras.

O que estou querendo dizer é que Freud pode ter escrito coisas inteligentíssimas, ou até mesmo grandes besteiras. Mas isso não importa... ele é tão humano quanto qualquer um, apesar de, em muitos momentos, agir como um Deus...

PS: Quem puder ler esse livro, vale muito a pena. Respeito muito mais Freud e retirei muitos preconceitos sobre ele ao ler a obra.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

"Alô Alô Terezinha"


O nome Chacrinha é algo constante até os dias de hoje. Porém, saber o nome sem saber a sua real importância não tem sentido, o que acontece comigo, já que sou da geração 90 e nunca pesquisei sobre ele. Eis que surge o filme “Alô, Alô Terezinha”, que finalmente esclareceu o poder de Chacrinha na televisão brasileira entre os anos 70 e 80. Foi em seu programa que explodiram os principais ícones da música nos anos 70, 80 e 90, como Roberto Carlos, Aguinaldo Timóteo, Beth Carvalho e até meus grandes ídolos, como Ney Matogrosso, Cazuza e Raul Seixas. Outra importância é a sua forma de conduzir o programa, mil vezes copiadas pela TV brasileira. A idéia de show de calouros é até hoje usada por Raul Gil em seus programas; dançarinas com roupas e coreográficas toscas é até hoje usado no Domingão do Faustão; além de vários programas de auditório que convidam cantores para cantar... playbacks. Tudo saído de Chacrinha.
Mas algo inimitável até hoje e que prevaleceu nos programas do Chacrinha é o humor anárquico. Utilizando-se da desgraça do outro, Chacrinha arrancava risadas do público. Os que mais sofriam com isso eram os calouros: Qualquer deslize como desafinar, entrar na hora errada no palco e esquecer a letra era um excelente motivo para uma buzinada e sair vaiado do palco. Outro destaque inimitável para as chacretes, que esbanjavam sensualidade e, ao mesmo tempo, um ar de inocência, o que gerava um bom motivo de piadas de conotação sexual e safadeza por parte dos convidados, e do próprio Chacrinha. Poucas assistentes de palco, como as dançarinas do Faustão ou as paquitas, foram tão lembradas quanto as chacretes.
Mas a geração que não conheceu o Velho Guerreiro pode não gostar do filme. Confesso que senti estranheza vendo as ex-chacretes vestindo os seus antigos modelitos; os calouros rejeitados no programa dançando e cantando músicas bregas no meio da rua, nas favelas e nos ônibus; a Índia Potira, uma ex-jurada do programa do Chacrinha, dançando nua em uma fonte (como ela não foi presa? me pergunto até agora). Mas esse é o humor anárquico dos programas do Chacrinha, que é reproduzido de forma muito fiel nos dias de hoje. Esse é o destaque do filme que deve ser levado em consideração. Vale muito a pena ver as chacretes lavando a roupa suja em pleno filme, os calouros rejeitados chorando e se dizendo melhores que os calouros famosos, Nelson Ned brigando com o diretor do filme, Dercy Gonçalves esquecendo a letra da marchinha de carnaval, entre outros momentos, que provam como as pessoas que trabalham até hoje na televisão foram tocadas pelo Velho Guerreiro. É como ele mesmo dizia: “Na TV, nade se perde, nada se cria... tudo se copia”.
Chacrinha estava certo...

domingo, 13 de dezembro de 2009

A Vida Sexual de um H1N1



Uma vez, dois vírus da gripe humana conversavam:

-Duvido você se juntar a gripe aviária e o da gripe suína, fazer uma mutação e assustar os humanos.
-Ah é! Vamos ver então...

Assim o fez e viveu feliz para sempre... numa suruba viral.

sábado, 12 de dezembro de 2009

O duro ano de 64



27 de março (encontro entre o presidente João Goulart, o Jango, e o marechal Castelo Branco, no Palácio do Planalto)
-Jango, devolva a minha medalha.
-Me dê um bom motivo para fazer isso.
-Eu sou o um marechal do exército brasileiro.
-Sim, sim, isso eu já sei. Mas ainda não me convenceu.
-Oras! Sabia que eu posso usar as forças militares contra você?
-Não me venha com esse papo. Não dou a mínima pra você e praqueles gagás que estão no exército. Não devolvo e pronto.
-Olha, Jango, vamos evitar atritos. Não complique as coisas. Só me devolve a medalha eu vou embora.
-Saia do meu escritório, Humberto. Eu não tenho mais o que falar com você.
-Guarde as minhas palavras, Jango: Você não vai durar muito tempo na presidência desse país enquanto essa merda de medalha não estiver na minha mão.

28 de março (encontro entre o presidente João Goulart, o Jango, e o marechal Costa e Silva, no Palácio do Planalto)
-Costa, o que é isso?
-Um documento. Quero que assine ele.
-De que se trata?
-Da medalha do Humberto.
-JÁ DISSE QUE NÃO VOU DEVOLVER. Se quer tanto, ele que compre um.
-O AVÔ DELE RECEBEU ESSA MEDALHA DAS MÃOS DE DOM PEDRO II. TEM GRANDE VALOR SIMBÓLICO PRA ELE.
-ELA ESTAVA CAÍDA NO CHÃO.
-MAS HAVIA CAÍDO DO BOLSO DELE.
-EU NÃO VI CAINDO DE LUGAR NENHUM.
-MENTIROSO! ESTAVA MUITO OCUPADO OLHANDO OS DECOTES DAS ESPOSAS DOS MILITARES NAQUELE DESFILE DE 7 DE SETEMBRO PARA VER SE QUALQUER COISA TINHA CAÍDO.
-Olha, eu não quero baixar o nível. Afinal, aquelas mulheres são verdadeiras barangas que, nem se elas quisessem, eu olhava pra elas. Saia daqui ou chamo a segurança.
-Guarde as minhas palavras, Jango: Você não vai durar muito na presidência desse país enquanto essa merda de medalha não estiver nas mãos do Humberto.

29 de março (encontro entre o presidente João Goulart, o Jango, e o general Emílio Garrastazu Médici, no Palácio do Planalto)
-Devolve ou morre.
-Você está me ameaçando? E com uma arma?
-Eu não estou de brincadeira.
-Não, senhor Emílio, eu é que não estou de brincadeira. Se o senhor me matar o povo irá contra os militares. Não percebe: EU SOU O POVO!
-PÁRA COM ESSE DISCURSO PRONTO. O POVO NÃO ROUBOU A MEDALHA DE NINGUÊM. EU QUERO ELA E QUERO AGORA!
-NÃO VOU DEVOLVER. ACHEI NO CHÃO NO DIA DO DESFILE E ELA É MINHA POR DIREITO!
-MAS QUE DIABOS! É SÓ DEVOLVER E TUDO ISSO SE ACABA. SERÁ QUE NÃO ENTENDE? Quer saber: Guarde as minhas palavras. Você não vai durar muito na presidência desse país enquanto essa medalha não for devolvida.

30 de março (encontro entre o presidente do Brasil João Goulart, o Jango, e o general Ernesto Geisel, no Palácio do Planalto)
-Senhor presidente?
-Sim, entre. Em que posso ajudá-lo?
-Olá. Eu sou o general Geisel. Estou aqui em nome das forças armadas para pedir que devolva a medalha do Marechal Humberto Castello Branco.
-DIGA PARA SS FORÇAAS ARMADAS TOMAREM NO CU. AGORA, SAIA DAQUI.
-Eles me mandaram dizer que se você respondesse isso era para eu dizer que você não vai durar muito na presidência desse país enquanto essa medalha não estiver...
-Sim, sim. Já ouvi isso milhões de vezes. Agora saia, por favor.
-Queira me desculpar, senhor.

31 de março (encontro entre o presidente do Brasil João Goulart, o Jango, e o general João Baptista de Oliveira Figueiredo, no Palácio do Planalto)
-Presidente, estou com um pouco de pressa. Daqui a pouco irei pegar um avião para encontrar-me com o presidente dos Estados Unidos para cavalgarmos. Por favor, devolva a medalha.
-Vocês são pagos para encher o meu saco?
-Senhor, por favor. Sei que está irritado, mas tenho que pegar logo essa medalha, se não perderei o meu vôo.
-Eu não ligo para você e para o seu vôo de merda.
-Jango, eu sou um general. Por favor, me respeite.
-VAI TOMAR NO SEU CU! Vocês vieram aqui cinco dias seguidos, encheram o meu saco por causa de uma merda de...
-Adoraria ouvir o seu discurso, Jango, mas tenho que ir. Mas pense bem: Você não vai durar muito na presidência desse país enquanto esse de bom-bom...
-SAI DAQUI, PORRA!

1º de abril
Nesse dia não houve nenhum encontro do presidente. Ele saiu sorridente do Palácio do Planalto, enquanto os militares entravam no órgão, para fizessem o tão desejado golpe. Poucos notaram que Jango saia de lá exibindo uma lustrosa medalha em seu peito.