quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

"Alô Alô Terezinha"


O nome Chacrinha é algo constante até os dias de hoje. Porém, saber o nome sem saber a sua real importância não tem sentido, o que acontece comigo, já que sou da geração 90 e nunca pesquisei sobre ele. Eis que surge o filme “Alô, Alô Terezinha”, que finalmente esclareceu o poder de Chacrinha na televisão brasileira entre os anos 70 e 80. Foi em seu programa que explodiram os principais ícones da música nos anos 70, 80 e 90, como Roberto Carlos, Aguinaldo Timóteo, Beth Carvalho e até meus grandes ídolos, como Ney Matogrosso, Cazuza e Raul Seixas. Outra importância é a sua forma de conduzir o programa, mil vezes copiadas pela TV brasileira. A idéia de show de calouros é até hoje usada por Raul Gil em seus programas; dançarinas com roupas e coreográficas toscas é até hoje usado no Domingão do Faustão; além de vários programas de auditório que convidam cantores para cantar... playbacks. Tudo saído de Chacrinha.
Mas algo inimitável até hoje e que prevaleceu nos programas do Chacrinha é o humor anárquico. Utilizando-se da desgraça do outro, Chacrinha arrancava risadas do público. Os que mais sofriam com isso eram os calouros: Qualquer deslize como desafinar, entrar na hora errada no palco e esquecer a letra era um excelente motivo para uma buzinada e sair vaiado do palco. Outro destaque inimitável para as chacretes, que esbanjavam sensualidade e, ao mesmo tempo, um ar de inocência, o que gerava um bom motivo de piadas de conotação sexual e safadeza por parte dos convidados, e do próprio Chacrinha. Poucas assistentes de palco, como as dançarinas do Faustão ou as paquitas, foram tão lembradas quanto as chacretes.
Mas a geração que não conheceu o Velho Guerreiro pode não gostar do filme. Confesso que senti estranheza vendo as ex-chacretes vestindo os seus antigos modelitos; os calouros rejeitados no programa dançando e cantando músicas bregas no meio da rua, nas favelas e nos ônibus; a Índia Potira, uma ex-jurada do programa do Chacrinha, dançando nua em uma fonte (como ela não foi presa? me pergunto até agora). Mas esse é o humor anárquico dos programas do Chacrinha, que é reproduzido de forma muito fiel nos dias de hoje. Esse é o destaque do filme que deve ser levado em consideração. Vale muito a pena ver as chacretes lavando a roupa suja em pleno filme, os calouros rejeitados chorando e se dizendo melhores que os calouros famosos, Nelson Ned brigando com o diretor do filme, Dercy Gonçalves esquecendo a letra da marchinha de carnaval, entre outros momentos, que provam como as pessoas que trabalham até hoje na televisão foram tocadas pelo Velho Guerreiro. É como ele mesmo dizia: “Na TV, nade se perde, nada se cria... tudo se copia”.
Chacrinha estava certo...

domingo, 13 de dezembro de 2009

A Vida Sexual de um H1N1



Uma vez, dois vírus da gripe humana conversavam:

-Duvido você se juntar a gripe aviária e o da gripe suína, fazer uma mutação e assustar os humanos.
-Ah é! Vamos ver então...

Assim o fez e viveu feliz para sempre... numa suruba viral.

sábado, 12 de dezembro de 2009

O duro ano de 64



27 de março (encontro entre o presidente João Goulart, o Jango, e o marechal Castelo Branco, no Palácio do Planalto)
-Jango, devolva a minha medalha.
-Me dê um bom motivo para fazer isso.
-Eu sou o um marechal do exército brasileiro.
-Sim, sim, isso eu já sei. Mas ainda não me convenceu.
-Oras! Sabia que eu posso usar as forças militares contra você?
-Não me venha com esse papo. Não dou a mínima pra você e praqueles gagás que estão no exército. Não devolvo e pronto.
-Olha, Jango, vamos evitar atritos. Não complique as coisas. Só me devolve a medalha eu vou embora.
-Saia do meu escritório, Humberto. Eu não tenho mais o que falar com você.
-Guarde as minhas palavras, Jango: Você não vai durar muito tempo na presidência desse país enquanto essa merda de medalha não estiver na minha mão.

28 de março (encontro entre o presidente João Goulart, o Jango, e o marechal Costa e Silva, no Palácio do Planalto)
-Costa, o que é isso?
-Um documento. Quero que assine ele.
-De que se trata?
-Da medalha do Humberto.
-JÁ DISSE QUE NÃO VOU DEVOLVER. Se quer tanto, ele que compre um.
-O AVÔ DELE RECEBEU ESSA MEDALHA DAS MÃOS DE DOM PEDRO II. TEM GRANDE VALOR SIMBÓLICO PRA ELE.
-ELA ESTAVA CAÍDA NO CHÃO.
-MAS HAVIA CAÍDO DO BOLSO DELE.
-EU NÃO VI CAINDO DE LUGAR NENHUM.
-MENTIROSO! ESTAVA MUITO OCUPADO OLHANDO OS DECOTES DAS ESPOSAS DOS MILITARES NAQUELE DESFILE DE 7 DE SETEMBRO PARA VER SE QUALQUER COISA TINHA CAÍDO.
-Olha, eu não quero baixar o nível. Afinal, aquelas mulheres são verdadeiras barangas que, nem se elas quisessem, eu olhava pra elas. Saia daqui ou chamo a segurança.
-Guarde as minhas palavras, Jango: Você não vai durar muito na presidência desse país enquanto essa merda de medalha não estiver nas mãos do Humberto.

29 de março (encontro entre o presidente João Goulart, o Jango, e o general Emílio Garrastazu Médici, no Palácio do Planalto)
-Devolve ou morre.
-Você está me ameaçando? E com uma arma?
-Eu não estou de brincadeira.
-Não, senhor Emílio, eu é que não estou de brincadeira. Se o senhor me matar o povo irá contra os militares. Não percebe: EU SOU O POVO!
-PÁRA COM ESSE DISCURSO PRONTO. O POVO NÃO ROUBOU A MEDALHA DE NINGUÊM. EU QUERO ELA E QUERO AGORA!
-NÃO VOU DEVOLVER. ACHEI NO CHÃO NO DIA DO DESFILE E ELA É MINHA POR DIREITO!
-MAS QUE DIABOS! É SÓ DEVOLVER E TUDO ISSO SE ACABA. SERÁ QUE NÃO ENTENDE? Quer saber: Guarde as minhas palavras. Você não vai durar muito na presidência desse país enquanto essa medalha não for devolvida.

30 de março (encontro entre o presidente do Brasil João Goulart, o Jango, e o general Ernesto Geisel, no Palácio do Planalto)
-Senhor presidente?
-Sim, entre. Em que posso ajudá-lo?
-Olá. Eu sou o general Geisel. Estou aqui em nome das forças armadas para pedir que devolva a medalha do Marechal Humberto Castello Branco.
-DIGA PARA SS FORÇAAS ARMADAS TOMAREM NO CU. AGORA, SAIA DAQUI.
-Eles me mandaram dizer que se você respondesse isso era para eu dizer que você não vai durar muito na presidência desse país enquanto essa medalha não estiver...
-Sim, sim. Já ouvi isso milhões de vezes. Agora saia, por favor.
-Queira me desculpar, senhor.

31 de março (encontro entre o presidente do Brasil João Goulart, o Jango, e o general João Baptista de Oliveira Figueiredo, no Palácio do Planalto)
-Presidente, estou com um pouco de pressa. Daqui a pouco irei pegar um avião para encontrar-me com o presidente dos Estados Unidos para cavalgarmos. Por favor, devolva a medalha.
-Vocês são pagos para encher o meu saco?
-Senhor, por favor. Sei que está irritado, mas tenho que pegar logo essa medalha, se não perderei o meu vôo.
-Eu não ligo para você e para o seu vôo de merda.
-Jango, eu sou um general. Por favor, me respeite.
-VAI TOMAR NO SEU CU! Vocês vieram aqui cinco dias seguidos, encheram o meu saco por causa de uma merda de...
-Adoraria ouvir o seu discurso, Jango, mas tenho que ir. Mas pense bem: Você não vai durar muito na presidência desse país enquanto esse de bom-bom...
-SAI DAQUI, PORRA!

1º de abril
Nesse dia não houve nenhum encontro do presidente. Ele saiu sorridente do Palácio do Planalto, enquanto os militares entravam no órgão, para fizessem o tão desejado golpe. Poucos notaram que Jango saia de lá exibindo uma lustrosa medalha em seu peito.